A apenas 20 km da costa algarvia, Monchique revela-se como um refúgio verde e montanhoso, onde o clima subtropical húmido e as temperaturas amenas favorecem uma vegetação exuberante e uma biodiversidade rara no sul de Portugal. A serra de Monchique, que acolhe os pontos mais elevados do Algarve, oferece experiências únicas para os amantes da natureza, cultura e gastronomia regional.
Começa a tua viagem pela EN124 e EN266, a rota que liga Portimão a Monchique, e aprecia a transição da paisagem que te pode levar até à imponente Foia, com os seus 902 metros de altitude — o ponto mais alto do Algarve e um miradouro natural com vista sobre o litoral e o horizonte alentejano.
Caldas de Monchique: águas termais e tranquilidade natural
A primeira paragem imperdível são as Caldas de Monchique, um oásis de paz envolto por vegetação luxuriante. Conhecidas desde a época romana, estas águas termais são famosas pelas suas propriedades medicinais. Entre o antigo balneário e os trilhos sombreados por árvores centenárias, podes disfrutar de áreas de piquenique, mesas de pedra e uma atmosfera relaxante, ideal para retemperar forças antes de continuar a subida.
Foia: o topo do Algarve com vista panorâmica e trilhos naturais
A subida para a vila continua e as várias opções de visitação colocam-se. Para quem prefere começar pelo topo, a Foia é a paragem seguinte, com ou sem caminhada pelos trilhos, as vistas panorâmicas que se estendem até ao litoral algarvio e o horizonte alentejano são garantidos em dias límpidos.
Se optares por uma caminhada, esperam-te 6,8 km onde se cruzam socalcos agrícolas, rebanhos em pastoreio e uma flora única: rosmaninho, urzes e a flor branca da esteva a colorirem a paisagem, especialmente na primavera.
Destaca-se ainda a rara adelfeira (Rhododendron ponticum subsp. baeticum), que acrescenta tonalidades púrpura ao cenário dominado por pinhais e solo avermelhado. A descida do “topo do Algarve” permite uma nova vista do litoral e, ao longo da estrada, as opções para almoço vão-se apresentando, muitas vezes de forma olfativa, com uma vasta variedade de sabores e preços, sendo a escolha ditada pelo viajante.
Vila de Monchique: história, arquitetura e sabores da serra
A vila de Monchique é outro dos pontos a visitar, as ruas inclinadas desafiam os mais afoitos a uma caminhada urbana em busca dos recantos que nos revelam um pouco dos vários séculos de história, opções para repasto ou as icónicas chaminés de saia, construídas para resistir às condições atmosféricas mais agrestes da serra.
A chaminé estendia-se por toda a largura da cozinha, onde as famílias se reuniam. O fogo, sempre em lume aberto junto à parede (na zona do “Lar”), servia simultaneamente de lareira para aquecimento, de fogão para confeção e de fumeiro para curar enchidos, sem qualquer guarda-fogos
Barranco dos Pisões: natureza, património e tranquilidade
A cerca de 6 Km da vila, a 10 minutos pela serpenteante ER 266, está situado o Barranco dos Pisões, um verdejante espaço verde, que pode servir para uma opção para um piquenique numa bela tarde de verão.
Uma ribeira de águas limpas dá vida e som ao local e alimenta um moinho de água (Moinho do Poucochinho) existentes no local. Recentemente recuperado pela junta de freguesia merece uma visita que nos revela a sua importância para a base alimentar quem ali recorria para moer os cereais.
Passadiços do Barranco do Demo: ponte suspensa
Para os mais aventureiros, os Passadiços do Barranco do Demo, situados na zona de Alferce (a 9 km de Monchique pela EN267), oferecem uma experiência imperdível. O ponto alto é a ponte suspensa de 50 metros, que atravessa um desfiladeiro impressionante, ligando duas escadarias com mais de 500 degraus. O trilho leva-te por uma ribeira repleta de quedas de água e lagoas cristalinas, em pleno coração selvagem da serra.
Uma das rotas pedestres mais recomendadas parte da aldeia de Alferce e percorre 6,5 km passando nas ruínas do Castelo de Alferce e oferecendo vistas deslumbrantes sobre os montes da serra e a albufeira da ribeira de Odelouca. Pelo caminho, áreas de descanso e miradouros permitem pausas para contemplação e fotografia.
